quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Especulações sobre a SUDENE

FBC visita a Sudene e conversa com funcionários.





A criança nasceu. Depois de uma longa gestação, mais atribulada do que se esperava quando foi planejada, veio ao mundo. E agora todas as atenções se voltam para ela. O novo governo está completando 1 mês de vida e a nova Presidenta, apesar de já haver escalado com sua base aliada seus principais assessores, ainda tem muito a definir.
No momento, as expectativas giram em torno das nomeações do segundo escalão, previstas para ocorrer em fevereiro. No Nordeste, as maiores especulações são quanto às nomeações das superintendências do BNB e da Sudene. Em relação a essa última, o burburinho é ainda maior, uma vez que, recriada no governo Lula, não conseguiu, até o momento, exercer plenamente suas atividades, haja vista que “foi apenas recriada”, mas não teve sequer sua estrutura e seu plano de cargos aprovado.
Desde o início do governo Dilma Rousseff, alguns nomes já foram especulados, como o do ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa, que teria sido limado por seu próprio partido (PSB). No momento, o “nome da vez” é Iberê Ferreira (PSB), ex-governador do Rio Grande do Norte.
Entretanto, todas os nomes cogitados até o momento vão contra o desejo dos funcionários da SUDENE, bem como dos que se debruçam sobre a questão regional. Na realidade, o nome que conta com apoio unânime dentro do órgão é o de Tânia Bacelar. Tânia trabalhou durante 30 anos na SUDENE, como economista, Diretora de Planejamento e assessora do Superintendente. Além disso, é especialista em economia regional, professora da UFPE, ex-secretária de planejamento da cidade do Recife no governo João Paulo (PT) e ex-secretária de planejamento de Pernambuco no governo Arraes. No governo Lula, foi a pessoa responsável por elaborar o projeto de recriação da SUDENE, foi secretária do Ministério da Integração Nacional e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – CDES. É, pode-se dizer, uma unanimidade entre os intelectuais da corrente desenvolvimentista.
Outro ponto que conta a seu favor, além de sua qualidade técnica, é seu compromisso com a redução das desigualdades regionais e com um país socialmente mais inclusivo. E como se isso não bastasse, é mulher, o que aumentaria a cota de mulheres do governo, tão desejado pela Presidenta Dilma Rousseff.
Mas se nem tudo é uma questão técnica, do ponto de vista político o cenário também favorece o nome de Tânia Bacelar. A economista é ligada politicamente ao PSB e seu partido ficou com a pasta do Ministério da Integração Nacional, à qual a SUDENE pertence. Segundo alguns especulam, Fernando Bezerra Coelho, desde que assumiu o Ministério, vem contando com  a assessoria de Tânia. Apesar de tudo isso, Tânia não demonstra muito interesse em assumir a Superintendência, provavelmente ou por não acreditar mais no seu modelo ou por duvidar que seja uma prioridade política.
Para aumentar o imbróglio, o PT tem demonstrado interesse em assumir mais órgãos na região. Entretanto, há quem aposte que o PT pode chancelar o nome de Tânia Bacelar.
Na SUDENE, a decepção com o período em que Geddel Vieira Lima (PMDB) comandou o Ministério é imensa. Geddel colocou no comando da autarquia Paulo Fontana, que travou uma verdadeira “guerra” com o corpo funcional do órgão. Não tem conhecimento técnico, tampouco jogo de cintura político, e preocupou-se apenas em garantir mais recursos para a Bahia. Além disso, considera o planejamento uma área de pouca importância, a tal ponto que esvaziou o quanto pode a Diretoria de Planejamento, historicamente “o coração da autarquia”, um órgão de desenvolvimento e planejamento por excelência.
É dentro desse quadro que a questão se coloca. No último dia 24, o atual Ministro, num ato histórico, fez uma visita à SUDENE. Na oportunidade, participou de duas reuniões: uma com a atual Diretoria e outra com a Diretoria Executiva da Associação de Servidores da SUDENE e alguns servidores.
Na reunião com os funcionários, foram entregues dois documentos, uma carta elaborada pelos próprios servidores e uma pauta de reivindicações da Diretoria da Associação dos Servidores da SUDENE.
Após entreguem os documentos, o Ministro falou aos presentes sobre a importância que a Presidenta Dilma Rousseff atribui aos órgãos de desenvolvimento regional e que, reconhece, não receberam a devida atenção no governo anterior. Segundo Fernando Bezerra Coelho, "O nosso objetivo é fazer mais do que foi feito. É por isso que queremos trabalhar juntos, unidos com os servidores, com as Universidades e com demais segmentos da sociedade civil para fazer o desenvolvimento regional de que tanto necessitamos".
Por fim, afirmou que a tão esperada nomeação deverá sair até meados de fevereiro. Resta-nos, apenas, aguardar. E torcer.

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